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Atrasos de pagamentos afetam mais de 80 por cento de empresas

De acordo com o último relatório do Índice de Pagamentos Europeus (EPI) efetuado pela Intrum Justitia, 81 por cento das empresas em Portugal afirmam ter problemas de liquidez devido aos atrasos nos pagamentos, um aumento de 4 por cento comparativamente com o ano anterior. O estudo revela que as empresas europeias estão a ser severamente prejudicadas por causa dos problemas de liquidez, no entanto, verificam-se grandes diferenças na Europa. Enquanto na Grécia, 96 por centp das empresas dizem ter problemas de liquidez devido aos atrasos de pagamentos, na Finlândia apenas 37 por cento confirmam essa situação.

Devido aos problemas de liquidez, Portugal atingiu os 6,04 mil milhões de euros de incobráveis, um aumento de 13 por cento, comparativamente com o ano anterior. Ao nível europeu, o valor dos incobráveis atinge os 340 mil milhões de euros.

O estudo, que envolveu 7.800 empresas em 28 países, mostra que a economia europeia apresenta um cenário misto, no que respeita às questões de liquidez e incobráveis. A Alemanha e os países nórdicos revelam-se consideravelmente fortes e mostram tendências positivas. O valor dos incobráveis, baixou 16 por cento na Finlândia e 10 por cento na Dinamarca, Noruega e Suécia.

Enquanto outros países europeus, principalmente no sul e no leste, estão a ser duramente atingidos pela crise financeira e estão a enfrentar grandes problemas. A Grécia vê os seus incobráveis subir para os 5.9 por cento, um aumento de 20 por cento. Em Portugal, Polónia e Hungria, os incobráveis aumentaram 13, 14 e 17 por cento respetivamente, quando comparado com o ano anterior.

O Reino Unido, a terceira maior economia da Europa, também mostra uma tendência negativa. Os incobráveis aumentaram de 3.2% para 3.5%, um aumento de mais de 9% em relação ao ano passado.

"A imagem fragilizada que apareceu no último EPI foi reforçada este ano. Níveis alarmantes de empresas em Portugal, Grécia e Espanha estão com problemas de liquidez devido ao atraso nos pagamentos. A taxa de incobráveis continua a aumentar em alguns países. As grandes economias como o Reino Unido e a Polónia também já estão a apresentar alguns valores de incobráveis", revela Luis Salvaterra, Diretor Geral da Intrum Justitia Portugal.

As prolongadas dificuldades económicas e financeiras estão a tornar-se uma barreira. Atualmente, 79 por cento das empresas em Portugal alegam que a recessão levou a problemas de liquidez, um aumento considerável quando comparado com os 67 por cento do ano passado.

A oitava edição do EPI revela também que as empresas estão a tentar lidar com os problemas de liquidez diminuindo os dias contratados para pagamento. Em média, o número de dias contratados para pagamento entre empresas diminui de 36 para 32 dias. Em Portugal, o prazo contratado diminuiu de 51 para 50 dias. O número médio de dias de atraso de pagamento é de 40. "As empresas em toda a Europa estão num ciclo vicioso. Por um lado, tentam pagar as suas faturas o mais tarde possível, e por outro lado, tentam receber o mais cedo possível", diz Luis Salvaterra.

As medidas tomadas pelas instâncias europeias e internacionais para travar a crise financeira mundial, especialmente a crise do euro, têm focado em grande parte a sua preocupação em salvar os bancos e o sistema financeiro. O estudo, no entanto, mostra que 47 por cento das empresas europeias afirmam ter menos confiança nos bancos para serem capazes de as apoiar, enquanto apenas 5 por cento declaram ter mais confiança. Em Portugal, por seu lado, a percentagem de desconfiança é superior à média europeia e 85 por cento das empresas dizem não confiar nas entidades bancárias para as ajudar. Estes resultados indicam que apenas uma pequena fração da ajuda financeira chega às empresas.

"Um sistema financeiro que funcione é vital para a economia como um todo, mas se as vastas somas de dinheiro injetadas para salvar o sistema bancário não chegam às empresas que produzem bens e serviços, o caminho para a recuperação financeira vai ser muito longo e difícil. É bastante preocupante quando as empresas perdem a confiança nos bancos. Uma visão ainda mais surpreendente é que apenas três em cada dez empresas estão confiantes de que os governos serão capazes de apoiá-las", revela Luis Salvaterra.

Devido ao baixo nível de confiança nos bancos e nos governos, as empresas europeias estão por conta própria. Nem parece haver qualquer confiança de melhoria num futuro próximo - 87 por cento das empresas em Portugal e 94 por cento das empresas europeias acreditam que os riscos de pagamento vão manter-se ou aumentar. Neste sentido, a Intrum Justitia sugere as seguintes medidas para ajudar as empresas:

1 - Criar e implementar uma política de crédito sólida para gerir os riscos e aumentar as receitas
2 - Seguir todos os passos do processo de gestão de crédito
3 - Identificar corretamente o cliente com quem está a fazer negócio
4 - Fazer um acordo claro com o cliente informando-o de todas as condições do negócio
5 - Integrar as ações dos departamentos de vendas, marketing e financeiro para evitar o incumprimento
6 - Implementar normas de verificação das moradas dos clientes
7 - Monitorizar as políticas económicas e vigiar a solvabilidade dos clientes-chave
8 - Implementar lembretes e aplicar juros de mora em caso de incumprimento
9 - Ampliar e equilibrar a estrutura de clientes
10 - Nunca esperar, tomar sempre medidas imediatas para receber o pagamento.

Todos os dados são do European Payment Índex da Intrum Justitia,. Este barómetro anual avalia o comportamento e hábitos de pagamentos na Europa. O inquérito (realizado pelo oitavo ano) foi feito simultaneamente em 28 países entre Janeiro e Março de 2012. O inquérito foi feito por escrito e responderam mais 7.800 companhias.

A Intrum Justitia é a maior consultora europeia de serviços de gestão de crédito e cobranças (CMS) e oferece um vasto leque de serviços nomeadamente para melhorar o cash flow e a rentabilidade a longo prazo dos seus clientes, incluindo a compra de créditos. Fundada em 1923, a Intrum Justitia tem 3300 empregados em 20 países. A faturação consolidada em 2011 foi de 430 milhões de euros.

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